tenho a impressão de que sou
doente
que não controlo os sentidos
que a vida é sem mim o mesmo que comigo seria
penso na noite, penso na
madrugada
penso na próxima manhã
penso se será diferente e
esqueço de te ligar
de ouvir teu nome no coração
de gostar da poesia das tuas
palavras
penso no brilho
na teimosia
na vontade de te encontrar
sempre pronta
no gosto de ser teu
na saudade
a vida sempre sem sentido
completa o dia
a noite vem e não acaba
termos depressivos
ares proibitivos
desejos escondidos
como se a noite fosse
companheira
e quer apenas apunhalar nossos
sonhos
decidi não sonhar, não
chorar
deixar o corpo ir
a mente rachar
a decência enlouquecer
não há mais maneiras de
deixar o mundo
e não quero suicídio
não quero a morte
não tenho medo
pode ser apenas que aquilo
que parece o fim seja mais um início
além do mais morrer não pode
ser tudo
talvez eu esteja errado,
talvez eu esteja certo
talvez
quero ser algo que não
consigo definir
pela preguiça, pela pressa,
pela vontade de sorrir
digo que estou vivo
mas não sei se já morri
digo que sorrio
mas não sei se quero ser
feliz
digo o que penso e faço tudo
pra ninguém me ouvir