me
aprisionando neste apartamento
espaço
apertado úmido
meio
escuro meio grotesco
gosto
de te ver pingar e respingar
salpicar
e não me molhar
gosto
dos teus beijos no vidro
dessa
aparência latente de menina teimosa
que
embaça a janela
esconde
o horizonte
e
foge do vento marcando tudo com água
gosto
de tentar te descrever
de
fazer insistentes teus gestos
de
guardar em frascos teu cheiro
de
inventar possuir e beijar teu ventre
gosto
gosto muito
porque
vens com força
porque
vens contente
porque
de repente paras e me deixas esperando
aí
cometo a loucura de sair na rua
sem
meu guarda-chuva
não
posso perder o tempo de te admirar
gorda
e flutuante
em
gigantes nuvens anunciantes
de
mais uma metamorfose
gosto
de ti quando voltas chuva
e
me fazes fugir como um menino assustado
porque
voltas rápida e monstruosa numa tormenta
o
medo passa quando fecho a porta
e
te vejo linda e provocante através da janela